O amor pode ser eterno, mas não as chances que damos
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Talvez fosse a suposta impossibilidade de existir um “nós” que me fazia desejá-la cada vez mais. Porque, olha, que eu me lembre, ela não tinha nada de tão diferente das outras. Os olhos dela não eram azuis, nem verdes, nem mais claros que os demais. Na verdade, eram castanhos. Eram comuns. Eram iguais aos da Fernanda, da Juliana, da Mariana e daquela menina que tá logo ali. No entanto, ao mesmo tempo eram diferentes e mais lindos do que todos os outros olhos que já vi.
Ela não era mais alta que as outras, nem mais
magra ou algo do tipo. Ela até tinha uns pneuzinhos. E, talvez ela nem saiba,
mas o que mais me encantava era seu riso. E olha que não tinha nada de tão
especial assim pra me encantar, não. Era um riso comum também. Mas, ao mesmo
tempo, era o mais lindo e mais sonoro que já tinha ouvido.
Bom, dizem que quando estamos apaixonados
vemos mais beleza do que realmente há. E acho que talvez fosse isso mesmo. Eu
estava apaixonado. E eu queria muito que tivesse sido apenas paixão. Mas quando
penso nela, ainda sinto aquele aperto no coração.
Só queria que essa fase passasse logo e eu não
sentisse mais todo esse ódio, que lá no fundo, parece mais amor disfarçado. É,
o amor nunca foi bom com disfarces. Não é dessa vez que ele vai ganhar o prémio
de sentimento mais discreto do ano.
Mesmo que seja ele mesmo, mesmo que o amor lá
no fundo fique tentando me fazer olhar pra trás, eu decidi que não quero mais.
É preciso aprender a dizer “NÃO”. Assim,
sem reticências e com o ponto final bem destacado. Porque eu até acredito que o
amor pode ser eterno, mas não as chances que damos.
- Allison Christian Freitas
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